SÍNTESE do Discurso pronunciado pelo Dr. Gerson Occhi
“A
estima vale mais do que a celebridade, a consideração vale mais
do que a fama e a honra vale mais do que a
glória” Chamfort. Senhor
Presidente Senhores
Vereadores Jamais
imaginei ser tão difícil a tarefa de escrever um discurso
referente ao recebimento do Titulo de Cidadão Honorário. Confesso
que tive extrema dificuldade para iniciar esta redação, embora,
como Orador Oficial da Câmara Municipal de Guidoval, minha cidade natal,
tenha saudado vários cidadãos agraciados com esta importante
homenagem. É difícil, as palavras fogem
e ao mesmo tempo vem um turbilhão de idéias que se misturam e se
sobrepõem.Há um princípio de caos. Tudo fica muito confuso. Penso
no dia 19. Dia do índio, Dia do Exército, dia do nascimento de
Getulio Vargas e dia do nascimento de Roberto Carlos, Dia de São
Expedito. Esta
é a maior homenagem que o município pode oferecer a uma pessoa e
quando de se trata de uma das cidades mais importantes do país, ela se
reveste de um significado todo especial. Estou,
como muito orgulho, pleno de alegria e felicidade vivendo um dos
momento inesquecíveis de minha vida, quando vocês,
representantes o povo desta cidade votaram e aprovaram, por unanimidade dos
componentes deste legislativo, o projeto de Lei de autoria do Vereador Eduardo Novy que se transformou na Lei 11259 de 08 de dezembro de
2006, sancionada pelo Excelentíssimo Senhor O Prefeito Bejani. Estou
completando 46 anos vivendo nesta maravilhosa e acolhedora Juiz de Fora, de
nome estranho para algumas pessoa mas com uma mística
que envolve, atrai, conquista e cativa aqueles que nela vêm viver com o animus de aqui permanecer. Em
1961, acompanhado de meu saudoso pai, com idade de 18 anos tomamos o
ônibus da Unida em Ubá e enfrentamos uma longa viagem até
Juiz de Fora, a estrada não era asfaltada e era fevereiro, mês de
muita chuva e os motoristas precisavam fazer verdadeiros malabarismo para
conduzir os passageiros ao seu destino. Chovia muito naquele fevereiro e nossa
viagem foi verdadeira epopéia de aproximadamente 6 horas. Hoje esta
mesma viagem não passa de 2 horas de ônibus. Foi então o
meu primeiro contato com a cidade. Fui morar na pensão da Dona Geralda e do Sr. Geraldo na Rua Espírito Santo 1235,
onde hoje se localiza o majestoso edifício Catedral. Já
devidamente instalado no quarto da pensão, cujos companheiros eram Dr.
Marcio Nalon e Dr. Antonio Zaidan,
natural de Ponte Nova e estudante de Medicina, partimos para efetivar a
matrícula na Academia de Comércio, onde outros conterrâneos
de Guidoval estavam estudando. Ali concluí o Científico e em
seguida fiz vestibular para a Faculdade Direito da UFJF. Não havia
Faculdades particulares. Nossa
turma revolucionou a Faculdade, pela atividade dos alunos, pela
irreverência de alguns, pelo dinamismo de muitos e pela amizade
construída por todos. Nossa turma forneceu presidentes do DA, presidente do
DCE, sendo muito participativa. Era um período difícil da vida
nacional, principalmente para os estudantes de Direito, diante de um regime
ditatorial, com as suspensão das garantias
individuais, adventos de muitos atos institucionais, inclusive o AI 5 de 13 de
dezembro de 68, ano de nossa formatura. Dos inúmeros acidentes de
percurso o mais curioso e marcante ocorreu com nosso orador, hoje o Procurador
do Estado Dr. Francisco Marcio Martins de Miranda Chaves, primo do atual
Reitor, Professor Henrique Duque. Tendo sido o seu discurso censurado, no
momento da formatura, ao lhe ser dada a palavra, simplesmente leu a
Declaração universal dos Direto. do Homem da ONU e somente poucos da turma sabíamos
desta decisão. Mas
esta turma forneceu à sociedade nomes expressivos no
ramos do Direito, alguns de renome nacional e até Procurador da
República. Fiz-me
Bacharel em Direito. Advoguei durante 5 anos, com escritório juntamente
com meu colega de turma e inseparável amigo Dr. Luiz Sefair. Ingressei
no magistério a convite do competentíssimo Dr. Joaquim Henriques
Vianna Junior, lecionando no Colégio São José do Instituto
Viana Junior, história, depois OSPB e EMC. Voltei pra a UFJF para cursar
História afim de atender às
exigências da legislação, pois não era mais
permitido que advogados lecionassem história, como anteriormente. Tive
certeza de esta era a minha verdadeira vocação. O
magistério. Lecionei ainda no Curso ZAS, no CIDE, no Anchieta, no Protec, no IAC, no Colégio dos Jesuítas, no Colégio Santa Catarina, no Colégio CEZAS, Dirigi o
Colégio Comercial de Chácara, o Colégio João Paulo
e Colégio PIO XII, onde permaneci por 24 anos. Presidi a
Fundação PIO PIO XII de
Radiodifusão por 14 anos, responsável pela TVE PIO XII e a
Rádio PIO XII FM. Fui
Diretor Geral do Legislativo e Procurador do Legislativo no mandato do
Presidente Luiz Sefair, um dos políticos mais
honestos e dedicados com quem convivi. Extremamente cuidadoso com a coisa
pública, cumpridor de seus deveres, quer como vereador ou como
Presidente desta Casa. Deixei
a Câmara para trabalhar na Chefia de Gabinete do Prefeito Saulo Moreira,
então vice que substituía o Presidente Itamar Franco, que havia
sido eleito Senador na memorável campanha de 1974, cujo slogan era
“Aceite o Desafio”. Em
1977 voltei a dedicar-me exclusivamente ao magistério. Ingressei
no Lions Internacional e figurei como Fundador do Lions Clube Cidade
Industrial. Tive convivência muito significativa com os companheiros
leões. Convidado,
passei a fazer parte da Maçonaria, onde me iniciei em 1972 e nela
permaneço até hoje, o que me dar enorme prazer e
satisfação. É uma das maiores realizações de
minha vida, pelo que a Ordem representou historicamente e ainda representa. Ocupei
com muita dedicação e zelo quase todos os cargos da hierarquia
maçônica, só não fui Grão Mestre, embora
tenha sido convidado a candidatar-me. Da
Loja Fidelidade Mineira, com 137 anos de existência, fui seu presidente
por duas ocasiões. Hoje pertenço também, à Loja
Fraternidade Brasileira de Estudos e Pesquisas, como correspondente, e à
Loja Maçônica Montanheses Livres. Com
muita honra, sou um dos fundadores da Academia Maçônica de Letras
de Juiz de Fora, ocupando a cadeira n° 03, cujo patrono é Ruy
Barbosa. A obra Maçônica é excepcional. Não divulga
e bem que faz, mas a sua principal virtude é preparar o homem para a
liderança e para ser cidadão correto, justo e perfeito, em defesa
do bem comum na defesa dos interesses da pátria. Figuro
como um dos fundadores do Diário Regional e do Programa Mesa de Debates. Candidatei-me
por duas
vezes a Vereador, tendo sido eleito primeiro suplente e por deferência do
Presidente desta Casa então Vereador Vicentão
ocupei uma Cadeira neste legislativo durante 30 dias, já que sua
excelência se licenciara para candidatar-se a Deputado Federal. O
Presidente Vicentão foi corretíssimo
comigo naquela ocasião, nada me pedindo como recompensa nem mesmo o
voto. Não havia necessidade legal em licenciar-se para se candidatar a
outro cargo eletivo, embora de nível diferente. Obrigado mais uma vez
Presidente. Retornei
à Prefeitura na qualidade Assessor da Secretaria de
Administração cujo titular era o competente Dr. Renato Garcia,
atualmente no mesmo cargo. O Prefeito Bejani mais uma
vez acertou em cheio convocando novamente o Dr. Renato Garcia, das pessoas mais
corretas e criteriosas
que conheci. Desde
maio de 2003 estou Chefe do Centro Tecnológico do Instituto de
Laticínios
Cândido Tostes –EPAMIG.O ILCT é um dos grandes
patrimônios desta cidade. Completará dia 14 de maio
próximo, 72 anos de profícua existência. O conceito de que
desfruta orgulha quem ali trabalha ou estuda. Necessita, porém, que os
políticos e pessoas influentes da sociedade olhem com mais carinho para
o Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Senhor Presidente, Senhores Vereadores. Há muitas razões para amar
esta cidade de Juiz de Fora. Aqui conquistei grandes amigos e encontrei a minha
esposa Maria Lucia, mãe de nossos queridos dedicados filhos, Rafael
Aragão Occhi, Administrador de Empresas,
trabalha na TV Panorama e Karina Aragão Occhi
estudante de Direito, prestes a formar-se. Tenho orgulho de vocês.
Soubemos construir uma amizade duradoura entre pais e filhos e a
formação deles deve ser creditada em grande parte pela
presença constante da mãe, dedicadíssima no
acompanhamento, aconselhamento e diretriz. É
realmente muito grande a emoção deste momento, quando vejo este
imenso número de amigos, parentes, maçons de todas as lojas,
indeclináveis acadêmicos, Vereadores. Agradeço
a todos e principalmente o autor do projeto de Lei, meu amigo de mais de 20 anos de
magistério, político eficiente, como eficiente foi na
condição de servidor público da EMATER. Há alguns
anos o Vereador Eduardo Novy vem insistindo na
apresentação desta expressiva homenagem. Também os
vereadores, João Carlos Campos, Helio Zanini, Lincoln
Brandi, Jair Nascimento, Inácio Halfeld e
Jorge Afonso Pinheiro haviam conversado comigo acerca do mesmo assunto, mas
ponderei ser muito prematuro naquela ocasião, e aguardássemos
mais um pouco. Este chegou e é hoje, aqui e agora. Obrigado
de coração por você ter me proporcionado tamanha alegria,
juntamente com seus pares. A vocês Isauro,
Bruno e Rodrigo, agradeço sensibilizado os seus respectivos pareceres no
Projeto de Lei. Obrigado
meus irmãos maçons, meus companheiros leões, meus colegas
do Instituto Cândido Tostes, acadêmicos da Academia
Maçônica de Letras, meus conterrâneos de Guidoval,
residentes em Juiz de Fora, ou que vieram de outras cidades e da própria
Guidoval, meus primos e primas, minhas irmãs, Rosa Leonor, Solange,
Heloisa, e Dorotéa, meus cunhados, sobrinhos e
também vocês meus amigos que aquiesceram ao convite e vieram aquecer o meu coração e locupletar
minha alma de alegria. Estou
muito feliz e estejam certos, senhor presidente ,
senhores vereadores, minhas senhoras e meus senhores que não os
decepcionarei, continuarei pautando minha vida no mesmo caminho que segui
até aqui, só que agora mais enriquecida com o título que
acabo de receber, fruto da benevolência do nobre coração de
vocês. Desejo
encerrar solicitanto ao mestre Gibran
kalil Gibran que me
empreste um texto de sua autoria, inserido no Livro, para que o adapte para
este momento: Como
és formosa, oh Juiz de Fora, e como és esplendida, És
bela quando te vestes de sombra e quando põe no rosto a máscara
das trevas. São
suaves as canções de tuas auroras, e imponentes as aleluias de
teus entardeceres. Como
és perfeita, oh Juiz de Fora, e como és nobre e justa. Como
és generosa oh Juiz e Fora e como és paciente. Como
és carinhosa para com seus filhos distraídos da verdade pelas
ilusões e perdidos entre o que foi e o que nunca será. Nós
passamos e tu permaneces ainda mais aconchegante. Nós
blasfemamos e tu nos afagas e nos acolhes. Que
és e o que és, Juiz de Fora? És
uma gota de sangue saída das veias gigantes dos gigantes ou és
uma gota de suor sobre tua frente ? És uma semente jogada no campo do
éter, que quebrou tua casca e brotou e cresceu? És uma fruta lentamente colorida pelo
sol, ou és uma fruta da arvora do saber supremo, cujas raízes
penetram nas profundezas da eternidade? Ou
és uma jóia que o deus do tempo pôs na
mãos da deusa das distâncias? És uma criança no regaço do
universo? Que
sois e quem sois, oh Juiz de Fora ? Sois nosso olhar e nossa visão. Sois
nossa razão e nossa imaginação e nossos sonhos. Sois nossa sede e nossa fome. Sois
nosso sofrimento e nossa alegria. Sois o nosso sono e
nosso despertar. Sois a beleza de nosso olhar e
paixão de nosso coração e a eternidade da nossa alma. Sois tudo isso e muito mais que as palavras
não podem exprimir. Sois
enfim a
princesa de Minas. Sois a bela Juiz de Fora. Muito
Obrigado. Gerson
Occhi Palácio
Barbosa Lima - Juiz de Fora, 19 de abril de 2007 |